sábado, 4 de dezembro de 2010

Manuel Alegre, conta-me como foi.

Depois de numa manhã de sábado ter lido o “O Homem do País Azul”, dei conta que estava tudo errado com este livro. Então li-o novamente, e novamente e novamente, até perceber o seu significado. No total foram três vezes.

Um livro que na minha perspectiva está cheio de palavras “cobertas” onde Manuel Alegre o utiliza de certo modo como diário e não apenas para retratar histórias simples.

Pude verificar isso depois da leitura sucessiva do primeiro conto. A história gira em torno de um homem incógnito e até de certo modo fugitivo, pertencia a um grupo de terrorismo que estava relacionado com o rapto de um embaixador ocidental.
Este homem é visto várias vezes por um amigo português em locais distintos como Lisboa e Egipto e sempre com um nome ,aspecto e companhia diferentes . Mesmo aparecendo sempre com diferentes “personalidades” ao longo do decorrer da historia o homem, umas vezes Vladimir , outras Abdul ou Alburquerque afirma sempre, ser de um país azul, que no meu ver seria Portugal.

Esta personagem é criada no meu entender para mostrar como era um exilado, neste caso fortemente ligado ao golpe militar de 25 de Abril de 1974 exposto no conto.

Segundo sei, Manuel Alegre era um revolucionário. Em 1962 foi mobilizado para Angola onde é preso pela PIDE e condenado a 6 meses de reclusão em Luanda acusado de tentativa de revolta militar contra a guerra do ultramar. Em 1964 regressou a Portugal e a ameaça de nova detenção por suspeita de traição levou-o ao exílio no norte do país.

Tudo isto me leva a crer que o “homem do país azul” do primeiro conto é uma parte do homem que há em Manuel Alegre.





Trova do Vento que Passa

"Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz. (.....)"
Manuel Alegre









JA

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