sexta-feira, 23 de março de 2012

Aparição

Após uma errada abordagem efetuada na aula, decidi “abrir” a obra metodicamente, e por fases.
Começo por fazer uma pequena síntese global.
A obra lida assente no existencialismo, filosofia que defende que a existência precede a essência e que por isso o homem é livre e responsável por tudo o que faz, tornando-o um ser solitário, pois a liberdade provoca a solidão.
Deste modo o autor reflete nesta obra sobre a problemática da existência do homem. E entrega essa reflexão á personagem principal, Alberto Soares, a quem cabe a tarefa de encontrar razões para a vida e para a morte, dai o termo “ Aparição” .
O título da obra remete para o milagre do aparecimento do “eu” por isso a palavra “aparição” é repetida 29 vezes na obra, relativamente à progressiva descoberta do “eu”.


Nota: A estrutura circular pode representar a existência humana como um circulo: nascimento vida e morte.

A acção principal decorre em Evora durante um ano lectivo,o período em que Alberto Soares vive a sua primeira experiencia profissional como professor do liceu. A acção secundaria ocorre na beira tendo como protagonista Alberto Soares.

(Personagens)

A personagem que mais me seduziu nesta obra foi Cristina, ícone nítido da perfeição. O seu nome liga-se á figura de Cristo. Cristina representa Cristo na medida em que ela representa a humanidade e o divino . Através da música Cristina situa-se no plano da transcendência,pois sendo uma criança, consegue interpretar o nocturno nº20, de Chopin. Cristina representa a perfeição e o conhecimento , a revelação através da arte.
É uma criança é portadora de olhos azuis , da cor do céu, transmitindo pureza e inocência. Sendo uma revelação perfeita, talvez por esse motivo a sua morte seja trágica e injusta, num desastre de automóvel.
Cristina é uma personagem mítica e simbólica. A sua música representa a harmonia e a imortalidade. Ela continua na memoria dos vivos, como na de Alberto Soares. E este, quando ouve os cânticos de natal na montanha da sua infância, lembra Cristina e comove-se subjugado pela força mágica da música.





(Espaço-simbologia)

A aldeia, a montanha e o casarão representam o espaço da memória, da origem , da família, segurança e estabilidade. O Alentejo a planície e Évora constituem o espaço da busca
incessante do “eu” e também da tragédia.

Como conclusão , no terminar da obra o narrador questiona sobre a possibilidade de construção da cidade do homem , pois a cidade que ele vê da sua casa do alto é uma cidade que ele prevê votada à destruição ao jogo que alastra a partir de um momento que ele descreve. Na verdade, a cidade do Homem situa-se no reino da utopia.






Darei continuidade ao meu trabalho no âmbito do projeto de leitura, dando relevo, para a obra exposta anteriormente.